---

As escolas japonesas têm classes específicas para atender alunos portadores de necessidades especiais mas, após o término do horário das aulas, essas crianças voltam para suas casas e muitas vezes seus pais não têm como dar a assistência necessária por estarem trabalhando.

Para dar essa assistência para crianças portadoras de necessidades especiais, a NPO Koryunet criou o “Esperança” que recebe crianças após o período escolar, dando a elas suporte necessário para o desenvolvimento. Atualmente o Esperança atende crianças com necessidades especiais como o Autismo.

Entrevista com Sr. Funatsumaru Romeu (NPO Koryunet)

Q. O que motivou a NPO Koryunet a criar o projeto Esperança?

”A 2 anos atrás, ouvimos que havia um grande número de crianças com necessidades especiais aqui em Sasagawa. O nosso diretor Hayashi propôs a ideia do projeto para essas crianças. Analisamos e percebemos a existência dessa necessidade. Como não existia exemplos anteriores no Japão, acreditamos que o projeto deveria ser realizado pela Koryunet e iniciamos a 2 anos atrás.”

Q. Qual a faixa etária que este projeto atende e qual o perfil necessário para poder receber essa assistência?

“O serviço diário e a assistência para crianças portadoras de necessidades especiais podem ser utilizados desde o 0 aos 18 anos de idade. Para utilizar os serviços, é necessário apresentar o atestado de portador de deficiência ou consultar um centro de consulta infantil.”

Q. Quais as nacionalidades atendidas? E como entrar em contato para informações ou cadastro?

“No momento frequentam crianças de nacionalidade japonesa, brasileira, peruana e boliviana. Independente da nacionalidade, qualquer criança pode utilizar a instituição.
Podem procurar pelo nosso número de telefone nos centros de consulta infantil ou nas prefeituras e entrar em contato conosco.”

A responsável do projeto Esperança falou sobre as atividades oferecidas, as dificuldades e também os avanços que as crianças apresentaram após começarem a frequentar o local.

Entrevista com Marly Miyano (responsável pelo projeto Esperança – NPO Koryu Net)

Q. Há quanto tempo funciona o projeto esperança e qual as maiores dificuldades nas atividades?

“Nós estamos no segundo ano, começamos aqui em julho de 2012 e realmente foi difícil no começo porque é uma atividade diferente, você se lidar com crianças com necessidades especiais não é fácil. Cada dia você se lidando com eles você vê que é um dia a mais de estudo a você uma coisa nova, difícil, porquê são crianças que não falam o que sentem, eles agem de uma forma inesperada.

São crianças que não conseguem expressar o que sentem, então as vezes através de uma atitude qualquer que você também desconhece, porquê cada vez é uma atitude diferente, as vezes eles querem uma coisa, ou estão sentindo uma dor e você não sabe, então digamos assim que seria a parte mais difícil para nós.

Quando você se lida com crianças com dificuldades mais fortes, com graus mais elevados inclusive do autismo, você não consegue segurar. Mas é muito gostoso porque você vê que com o tempo você vai conseguindo uma certa experiência em cima disso.”

Q. Poderia nos relatar sobre os avanços obtidos com esse trabalho?

“Olha, não é por falar mas digamos que 100% delas melhoraram. Crianças que vinham com autismo fortíssimos, se debatiam, se arranhavam, chegava a puxar o cabelo. Nossa o que você faz, no começo foi difícil. Nós só temos um espaço e esse espaço é para todos. E eles começaram a se adaptar. Eles conseguiram assim se entrosar.

Também fazemos o trabalho de educação com eles. Estão aprendendo e a educação também, nós tentamos fazemos de tudo para que fazer um trabalho bem legal com eles.

O desenvolvimento foi muito grande, no meu ver, muito grande mesmo. A atitude, o comportamento, você pode olhar aqui e até percebe que aparentemente não são crianças com necessidades tão especiais assim, se você olhar com seus olhos.”

Entrevista com a mãe de uma das crianças que frequenta o instituto

“Está sendo muito útil não só para mim como para outras mães. As meninas nos dão conselhos e ajuda. E para nós mães de especiais está sendo muito bom. Elas cuidam muito bem, inclusive na questão de inclusão social. Isso daí vai ajudando muito, bastante no dia a dia do meu filho. Sou muito grata pelo projeto Esperança existir aqui em Sasagawa.”

Muitos pais ou responsáveis com crianças portadoras de necessidades especiais, não têm informações sobre locais que prestam assistência ou onde possam tirar dúvidas. O projeto Esperança da NPO Koryu Net, visa além de dar a assistência que as crianças necessitam, também dar apoio aos seus pais ou responsáveis.

Trabalhos como este não só ajudam famílias dando apoio e suporte como oferecem informações a respeito de sistemas do governo e também auxiliam na inclusão de jovens portadores de necessidades especiais dentro da sociedade japonesa.